Leitura de Mãos não é uma questão
de mágica ou algo difícil. Leitura de mãos se trata de colocar seu adversário
em um leque de mãos e daí ir eliminando mãos conforme as informações que temos
sobre ele. Quanto maior for a quantidade de informação que temos sobre nossos
adversários, melhor será a decisão final. Leitura de mãos é uma questão de
treino e prática.
Leitura de Mãos pré-Flop e Pós-flop
Tudo é mais fácil, quando se tem
as informações abaixo:
Ø
A visão dos adversários sobre nós.
Ø
A imagem de nosso adversário.
Ø
A situação: Cash Game, MTT e SnG (Fase inicial,
intermediário, final, fichas, bolha e etc).
Ø
A imagem do adversário.
Com essas informações é possível
ter uma ideia melhor sobre ranges. Eis alguns exemplos:
1. Não temos informações de fichas, tanto nossa
quanto de nosso adversário. A situação é a seguinte: você abriu de UTG+1 e o
vilão pagou, responda o range que o vilão tem.
Neste caso mãos como JJ-AA / AK,
será aplicada a 3bet. A 3bet deve ser avaliada corretamente, isso porque se
estamos ativos na mesa e tomamos uma 3bet, isso não implica que a 3bet será por
valor. Neste caso, para ter certeza temos que avaliar a capacidade do
adversário de nos observar e analisar nossa imagem na visão de nossos
adversários (isso é um pouco difícil de se fazer, mas com o tempo pegará
prática).
Vamos supor que nossa Imagem está
mais segura e o vilão sabe disso. O range de call por parte do vilão, será: Ax
do mesmo naipe (algumas vezes Ax de naipes diferentes), 22-TT (em alguns casos JJ),
BR do mesmo naipe principalmente como TJs ou KTs, Sc e Sc+1 que são cartas
conectadas e do mesmo naipe como 76s ou 79s. Em alguns casos os jogadores mais
soltos não podem ver duas cartas do mesmo naipe que querem jogar.
No total são 390 mãos de 1326, que
é um total de 29% das mãos em jogo. Muita coisa mesmo. A chance da pessoa
acertar algo no Flop é de 33% (isso envolve par menor, draws, top pair, second
pair, e etc), o que implica que 66% das vezes ela terá errado o Flop.
Respondemos nossa pergunta agora
vamos para a segunda pergunta:
2. Ambos vão para o Flop, quero que calcule qual
dos Flops mencionados existe maior chance de fold por parte do adversário.
Antes de avaliar os Flops é
preciso colocar nosso range. Nosso range é de um jogador mais seguro e que não
utiliza posições iniciais para abrir com mãos como 67s ou Ajo. O range então é
88+, ATs+ e AQo+, KQs. O range do vilão foi calculado no exercício anterior.
(A)
AKQ :
Utilizando o pokerequilab ou algum software capaz de calcular e trabalhar com
analise de ranges, nosso range acerta esse Flop 75% das vezes e nosso
adversário 24% das vezes. Este é um Flop ao qual devemos agredir quando somos o
agressor pré-flop. Faça uma Cbet, uma segunda aposta, mas cuidado com os
jogadores pagadores. Se você errou este Flop contra um jogador pagador, então
deverá jogar por valor e evitar blefar.
(B)
AJ2:
O agressor pré-Flop neste Flop tem 73%, enquanto seu adversário 26%.
(C)
A78 :
O agressor pré-flop tem 61%, enquanto o adversário tem 38%.
(D)
A45 :
O agressor pré-flop tem 64% enquanto ao dversário tem 35%
Esses são os 4 tipos de Flop que
podem trazer um A. Esses são Flop ruins para aplicar o Float em jogadores
seguros ou jogadores de posições iniciais que não possuem um range grande para
open raise.
(E)
KQJ :
Agressor pré-flop tem 79%, enquanto o adversário 20%
(F)
KT2:
O agressor estará na frente em cerca de 77% das vezes.
(G)
K89:
O agressor tem 70% de chances de ter acertado este Flop e o vilão tem 30% de
chances de ter acertado algo neste Flop.
(H)
K34:
O agressor tem 74% de chances de estar melhor neste Flop, enquanto vilão tem
25%.
Em Flops que trazem o K, o
agressor pré-flop também estará na frente na maioria dos casos. Vamos para o
próximo:
(I)
QJT:
O agressor pré-flop estará na frente em 70% das vezes.
(J)
QT4:
O agressor terá vantagem em 75% dos casos.
(K)
Q78:
O agressor terá vantagem de 65%
(L)
Q54:
O agressor terá vantagem de 70%
Em Flops com a Q, o agressor
pré-flop ainda tem grande vantagem.
(M)
T98:
O agressor tem um pouco de vantagem, algo próximo a 57%. Apostar ou dar Check,
tem valores parecidos.
(N)
T67:
O agressor continua na frente, com 55%.
(O)
T34:
O agressor estará na frente em 66% dos casos.
O agressor ainda tem Vantagem em
Flop com T high, vamos ver emFlops pareados:
(P)
AAK:
Agressor com vantagem de quase 77%
(Q)
QQJ:
Agressor com vantagem de quase 80%
(R)
TTJ:
Agressor com vantagem de 72%
(S)
778:
Agressor com vantagem de 59%
(T)
992:
Agressor com vantagem de 64%
(U)
223:
Agressor com vantagem de 71%
Podemos concluir que não importa o
Flop pareado o jogador que é mais seguro e abrindo de UTG, representará uma
combinação de mãos melhor do que a do jogador que pagou. E emFlops menores que
T high?
(V)
987:
Coin Flip, porém o agressor tem ligeira vantagem de 53%
(W)
983:
Agressor com 58%
(X)
765:
Coin Flip.
(Y)
742:
Agressor com quase 64%.
Nossa conclusão é que, o agressor
pré-flop com um range enorme de Flat call, estará na frente de um jogador mais
seguro, abrindo de UTG.
3. E se o jogador não for seguro mas sim agressivo,
com um range de open raise abertura de UTG com cerca de 23% (310 mãos de 1326)?
Neste caso, terá que calcular
range por range para saber as porcentagens, como fizemos acima.
4. No FLop, qual a tendência do jogador seguro a
abrir de UTG: fazer a Cbet com 100% das mãos ou dar check se errar / ter uma
mão de valor?
Está pergunta é muito importante,
já que existem dois tipos de jogadores seguros: o que faz uma Cbet na grande
maioria das vezes e aquele que só faz Cbet de vez em quando.
Se for o primeiro caso, nos Flops
analisados na pergunta (2), iremos pagar em todos os Flops que a porcentagem do
jogador seguro esteja abaixo de 65% ou 60%.
(A)
A78 :
O agressor pré-flop tem 61%, enquanto o adversário tem 38%.
(B)
A45 :
O agressor pré-flop tem 64% enquanto ao dversário tem 35%.
(C)
Q78:
O agressor terá vantagem de 65%
(D)
T98:
O agressor tem um pouco de vantagem, algo próximo a 57%. Apostar ou dar Check,
tem valores parecidos.
(E)
T67:
O agressor continua na frente, com 55%.
(F)
T34:
O agressor estará na frente em 66% dos casos.
(G)
778:
Agressor com vantagem de 59%
(H)
992:
Agressor com vantagem de 64%
(I)
987:
Coin Flip, porém o agressor tem ligeira vantagem de 53%
(J)
983:
Agressor com 58%
(K)
765:
Coin Flip.
(L)
742:
Agressor com quase 64%.
Esses são os Flops que tenderemos
a pagar com frequência ou dar raise. Esses Flops são os Flops em que o agressor
pré-flop tem maiores chances de ganhar o pote no pós-flop, tanto aplicando o
Flop, quanto aplicando o raise e assim por diante.
5. Nos outros Flops, que possuem uma chance do
adversário acertar em mais de 75% dos casos, é uma situação muito ruim para
nós. A chance do vilão largar é baixa. Então quais os melhores Flops para
aplicar um raise na Cbet, principalmente se o vilão faz muita Cbet?
Resposta: Em Flops em que a porcentagem de acerto, seja menor que
70% e o mais próximo do Coin Flip.
Se o Range do Vilão é 88+, ATs+,
AQo+ e KQs+, significa que das 86 combinações de mãos que o vilão joga, apenas
42 são pares e 44 são mãos como Kx e Ax.
De forma prática, vamos analisar
alguns Flops:
(A)
AKQ:
Mãos que acertam esse Flop 62, enquanto 24 mãos erram. Este tipo de Flop é
muito ruim para aplicar o Float ou o raise, mesmo que o adversário faça a Cbet
em 100% das vezes. Nossa Raise na Cbet do vilão irá passar em cerca de 25% das
vezes, ou seja, nas outras 75% das vezes, estaremos em uma situação muito ruim.
Essa é a razão dos profissionais de poker, evitarem dar raise ou aplicar o
Float neste tipo de Flop, a não ser que sejam capazes de fazer o oponente
largar.
(B)
789:
40 Mão não se conectam bem com este flop, enquanto 46 mãos se conectam com este
Flop. É um Flop bem mais complicado do agressor pré-flop ter alguma vantagem e
mesmo que ele tenha AA, é possível fazer ele largar AA com a agressão certa. Ou
seja, representar mãos que acertaram este Flop. Este Flop é bom tanto para o
raise, quanto para o Flop, sendo que opções como o Fold, se tornam a jogada que
devemos evitar praticamente contra qualquer jogador.
Em praticamente todos os Flops em
que o adversário possuir menos de 65% de chances de tê-lo acertado, se tornará
difícil dele jogar. Podemos representar muito bem mãos fortes, com chances de
tira-lo da mão. Devemos sempre lembrar que em micro limites, a variedade de
estilos de jogo nos obriga a nos adaptar adequadamente. Uma determinada jogada
funcionará muito bem contra um determinado jogador, enquanto a mesma jogada
será ruim contra um outro jogador. Você deve se adaptar adequadamente. Alguns
largam para um raise na Cbet outros largam mais para um Float.
6. Quais cartas favorecem quem no turn e river?
Utilizando a mesma jogada de UTG e
os mesmos ranges, basicamente é assim:
(A)
Qualquer carta maior que 9, está mais a favor de
nosso adversário do que de nós.
(B)
Qualquer carta menor que 9 nos favorece.
Agora vem a parte importante que é
contextualizar essa informação com o Board. Por exemplo, se estiver jogando em
um Flop que traga AKQ, se vier um 78 não fará a menor diferença. O Board
continuará mais para o adversário do que para nós. Porém se o Flop traz 789 e o
turn traz um 6 e o river um T, neste caso, este board está muito mais para nós
do que para nosso adversário.
Em um Flop como 772, sendo o turn
e o river, respectivamente 89 ou 68, podemos ter vantagem sobre nosso
adversário, porém se cartas maiores que 9, no turn e river, principalmente, se
tornam cartas complicadas para nós.
7. Questões de blefe
A partir do momento que
compreendemos quais são os melhores Flop para nós e quais são os piores, demos
um enorme passo no jogo. Para dar um passo maior ainda, os blefes que tendem a
serem bem feitos, são aqueles que conseguimos representar melhor o nosso range.
Como compreendemos o ponto (6), o ponto (7) é bem mais fácil de lidar.
Imagine que você está jogando
contra um jogador agressivo e tenha 88. Flop traz T72. O vilão aposta,
naturalmente você paga. No Turn bate um J, o vilão aposta novamente e você
paga, pois sabe que ele blefa em cartas boas para o agressor pré-flop blefar.
River traz um K, e o vilão faz uma aposta entre 60% e 100% do pote. Você pensa
e larga a mão.
Porque o Blefe deu certo¿ Porque
as cartas no que vieram no turn e river, estão mais para o range de nosso
adversário do que para o nosso. Assim fica fácil de blefar. Uma dica importante
é que, este tipo de jogada funciona muito bem contra jogadores pensantes. Se
utilizar a mesma jogada contra um jogador pagador, é muito provável que tome
call no river. Outra dica importante é que, de vez em quando você tem que fazer
um call com 88 mesmo tendo T, J e K no Board. A razão é que você quer
conquistar informação para que na próxima vez, tenha uma ideia melhor de como
seu adversário joga: valor ou blefe.
Imagine que agora no turn venha um
6 e no river um 3. Temos 88, e o vilão faz 3 apostas seguidas. Compreendendo o
range do jogador agressivo, é muito provável que ele esteja blefando, isso
porque a quantidade de mãos de blefe do vilão, é muito maior do que as mãos de
valor. Além do mais, cartas como o 3 e o 6, assim como o 7, estão mais no nosso
range do que no dele.
8. A capacidade de compreender os spots e ranges
Quando avaliamos uma mão, temos
que tentar tirar o melhor da jogada. Por exemplo, se sabemos que nosso 88 no
Flop T72 podemos pagar, porém bate uma carta maior que 9 no Turn, e o vilão
aposta novamente, o mesmo estará lhe dizendo três coisas:
(A)
Ele tem um T, e resolveu apostar novamente já
que a carta maior que 9, está no range dele e não no seu.
(B)
Ele tem um J, e resolveu apostar para tirar
valor de mãos inferiores.
(C)
Ele não tem nada ou tem um semi-blefe e por isso
decidiu apostar.
Nosso 88, está em uma situação bem
complicada. Contra o T e o J, estamos perdendo. Pagar agora, se torna muito
difícil. Contra um Draw devemos estar um pouco na frente, mas nada garantido,
já que praticamente qualquer aposta do vilão no river, acertando ou errando a
mão, nos fará largar o 88. Se o vilão estiver blefando, este é um ótimo
momento, já que será muito difícil para o 88 pagar. A conclusão que chegamos é
que está é uma situação muito ruim de se estar.
Compreendendo nossa posição
teremos duas escolhas:
(A)
Largar nosso par de 88 no turn;
(B)
Dar raise em nosso adversário;
Essas são as duas opções que
temos. Existe uma terceira, que é dar call no Turn para (independente da carta
no river), fazer um raise na aposta dele. Para dar um raise, devemos ter a
informação que nosso adversário é capaz de representar mãos, ou seja, é capaz
de blefar em cartas boas para blefar. Um jogador que não blefa, jamais iria
apostar no Turn, sem ter no mínimo um J, ou seja o T, daria check.
Se o adversário for capaz de
representar mãos, isso é perfeito. No turn, iremos dar um raise em qualquer
carta que represente o range do adversário: T, J, Q, K, A. O que o raise faz a
nosso favor
1.
Se o adversário estiver em um blefe, irá largar.
2.
Se possuir um T, pode ser que largue, e em
alguns casos pague.
3.
Nós teremos o controle da mão, se o adversário
errar river perseguindo um draw, podemos ganhar o pote dando check ou blefando
nosso par de 88.
Podemos concluir que neste caso o
adversário somente continuará com a carta alta que veio no turn ou com um draw.
De qualquer forma, conseguiremos fazer o mesmo largar algo próximo a 70% das
mãos, e o mesmo continuará com apenas 30%.
Compreendendo este ponto, devemos
entrar em uma nova fase de jogo e nos adaptar aos jogadores que se adaptam a
nós. Isso quer dizer que muitos jogadores sempre jogaram desta forma, ou seja,
você será capaz de fazer um raise no turn ou river e irá ganhar o pote. Porém,
alguns jogadores (a minoria) será capaz de compreender o que está fazendo.
Desta forma utilizaram uma contra estratégia:
1.
Pagando sua aposta no turn e tomando a
iniciativa no river.
2.
Dando um reraise em seu raise.
São poucos jogadores capazes
disso, o que é muito bom. As duas jogadas mencionadas acima, são fortes e
poderosas. Se o cara paga no turn e toma a iniciativa no river, isso fará com
que larguemos 88, independente do turn. E é provável que mesmo que tivéssemos o
J, teríamos medo desta aposta e largaríamos o J na maioria das vezes. O cara
pagando no turn, demonstra ter valor ou semi-blefe, e no river ficaremos em uma
situação complica de saber ao certo, o que torna a iniciativa do adversário, complicada de ser
lida.
Se o adversário aplica o reraise,
seremos obrigados a largar nosso 88, T, e em alguns casos até mesmo o J.
Entraremos em uma situação muito complica e difícil.
Parece que acabou nossas opções,
porém não exatamente. Se sabemos que o adversário é capaz de fazer as duas
jogadas mencionadas, também devemos ser capazes de nos adaptar a ele. Então, a
contra estratégia utilizada aqui é:
1.
Pagar a aposta do adversário e ver o que o vilão
fará no river.
2.
Dar outro raise, em cima do re-raise.
Na segunda opção dar um novo
raise, tirará a coragem do adversário de continuar na mão, o que implica que
ele somente continuará com mãos extremamente fortes, o que tem pouco no range
dele. Na primeira opção, quando pagamos demonstramos que temos uma mão muito
forte ou um draw muito forte, e na maioria dos casos o adversário terá medo,
principalmente se estiver blefando. No river, devemos fazer uma aposta forte
para tira-lo do pote.
É assim que se trabalha ranges,
analisando os adversários e os níveis de jogo, assim como metagem e analise de
board.
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